Nossa, por onde começar esse texto?
2020 passou como uma grande sucessão de caldos na água salgada. Me sinto emergindo depois de uma sequência de ondas fortes que me afundaram, tiraram o biquini do lugar, deixaram meu nariz e garganta doendo de tanta água salgada que engoli no susto. Os joelhos ralados de tentar me impulsionar pra cima de novo em pleno ataque das águas revoltas. A cabeça gira.
Eu gosto muito do mar, não me levem a mal.
Mas depois de ter passado meu pequeno porém vital recesso de fim de ano tentando refletir sobre o ano que passou só consigo pensar nessa comparação acima, com ondas fortes me dando um belo e inesquecível caldo.
Entrei 2021 cansada, com o psicológico bem abalado por um ano que certamente elevou todos os níveis de força e de inteligência emocional necessários à sobrevivência diária.
Mas, mesmo assim, 2020 não foi de todo ruim. E pensar em tudo de bom que me aconteceu e/ou conquistei dá um sopro de calma no coração dolorido. É quase, um abraço. Tá, é menos que isso. Talvez eu possa definir melhor como.. um suspiro de esperança.
Esperança de que 2021 seja um pouco mais leve, apesar das previsões.
Que eu consiga me blindar mais do que me tirou do eixo no anterior.
E porque não, que eu traga os aprendizados desse ano histórico e os ressignifique em ferramentas para transformar o ano que ainda tenho (temos, né?) pela frente.
Por aqui, a rotina segue a mesma que se instaurou em março do ano passado. Estou confinada e saio muito pouco à rua.
Quando saio, sempre é para cuidar de alguma tarefa essencial como ir ao banco para minha mãe que, nem posso acreditar, está cada dia mais próxima do seu aniversário de 80 anos e vem seguindo todo o isolamento direitinho.
Dói vê-la trancafiada todo esse tempo. Dói me ver assim também. Mas, tempo, seja gentil com ela, por favor. Ela precisa mais que eu.
Bom, voltando.
Olhando para 2020 do alto desse início de fevereiro/2021, fiz uma listinha de coisas que quero e pretendo trazer pro meu dia a dia mesmo quando esse looping de loucura infinita que está tomando conta do país passar (e será que passa mesmo? 😐).
- Delivery de mercado
Não, eu não vou parar totalmente de passear pelas maravilhosas gôndolas do meu supermercado favorito vez ou outra. Mas, confesso que ter um bom serviço de entrega trazendo as sacolas até minha porta me economizou um tempo precioso – e muito esforço físico, visto que moro num prédio sem elevador e sou eu mesma quem carrega tudo pra cima e pra baixo quando é preciso.
- Dormir
Pode parecer besteira e eu confesso que também não dormi tanto que gostaria (alô férias, a gente se vê em breve!) mas, eu sou de uma geração que se viu pressionada para fazer e ter muito mais do que apreciar. Há alguns anos isso vem se construindo dentro de mim e agora olho do alto dos meus 33 anos e vejo que podia ter chegado aqui muito menos cansada. Se eu simplesmente entendesse que tá tudo bem (e ainda mais: que eu preciso e faz bem pra minha saúde física, emocional e mental) dormir 8h por noite.
- Roupas confortáveis
Sempre fui a favor do conforto mas, notei que ao ficar em casa uma parte considerável de peças que eu usava no dia a dia ficaram paradas. Eu prezei pelo maior conforto que eu podia (e posso) e isso significou muitas vezes trabalhar manhãs inteiras de pijama, olho com remela e caneca de café do lado. E mesmo assim, eu produzi o que era esperado de mim. E tá tudo bem.
*mas também tive fases de acordar e me arrumar inteirinha como se fosse sair de casa pelo simples fato de que precisava me olhar e me arrumar nem que fosse apenas pra mim mesma. Afinal já se vai quase um ano confinada não é mesmo?
- Leituras
Eu já vinha aumentando e retomando meu ritmo de leituras no início do ano passado mas confesso que logo de cara quando nos confinamos eu fiquei uns bons meses sem conseguir encostar num livro. Cabeça num conseguia relaxar, focar.. A insistência em cumprir minha meta de 12 livros no ano me fez não apenas atingi-la (aos 45 do segundo tempo, mas o que importa é atingir, nesse caso rs) como me fez ler como nunca nesse primeiro mês do ano. Foram 5 livros em 31 dias e tem me feito tão bem ter esse momento de silêncio e introspecção. Não posso viajar, não posso sair, não posso ver meus amores mas, posso viver tudo isso nos livros. Olha o suspiro de esperança aí de novo.
- Aulas de francês
Se tem uma coisa que salvou minha sanidade mental no ano de 2020, com certeza foi o francês. Foram 4 novos módulos concluídos de aulas. Tantos novos amigos para praticar e conversar. Um ritual matinal que se tornou sagrado e terapêutico. Um fio condutor que não me deixou enlouquecer nem me perder no caminho por sempre estar ali, me lembrando o básico: quem eu sou, quais são meus sonhos, pra onde estou indo. Com certeza seguirei com as aulas e as imersões nesse ano – e nos outros todos. Até que eu enfim volte pra casa se é que vocês me entendem. ❤️
E vocês, o que trouxeram consigo de bom desse ano maluco?
Sem Comentários